A iluminação é sempre repentina. Não existe nenhum processo gradual que possa alcançá-la, porque todas as graduações pertencem à mente, e a iluminação não é mental. Todos os degraus pertencem à mente; e a iluminação está além da mente. Assim é impossível crescer em direção à iluminação; pode-se apenas saltar para dentro dela. É impossível mover-se passo a passo; não existe nenhum passo. A iluminação é como um abismo: ou você salta ou não salta.
É impossível iluminar-se aos poucos, parcialmente. A iluminação é uma totalidade — ou você está ou não está. Não acontece em progressões graduais. Lembre-se disto como algo básico: acontece sem fragmentos, completa, total. E justamente por ser um todo é que a mente não pode compreendê-la. A mente só entende o que pode ser dividido, o que pode ser alcançado por etapas porque é analítica, divisória, fragmentária. A mente pode entender as partes, mas o todo sempre a ilude. Por isso, se ouvir a mente, você nunca chegará à iluminação.
(…) O que é iluminar-se? É tornar-se consciente de si mesmo. Não é nada que diga respeito ao mundo exterior. Não é nada que se possa fazer com o que os outros dizem. O que os outros dizem é irrelevante. Você está aqui! Para que ir consultar a Bíblia, o Alcorão, o Gita? Feche seus olhos — e eis você em sua infinita glória. Feche seus olhos e as portas se abrem. Você está aqui, não precisa ir perguntar a ninguém. Se perguntar, não compreenderá. O próprio perguntar demonstra que você pensa que está em algum outro lugar. O próprio perguntar demonstra que você está pedindo por um mapa. Para o mundo interior não existe nenhum mapa; não há necessidade, porque você não está caminhando para um destino desconhecido.
Na realidade, você não está caminhando.
Você está aqui. Você é a meta. Não é o caminhante, é o iluminado. O que é estar iluminado? Um estado: quando você procura no exterior, não está iluminado; quando procura no interior, está. A única diferença está no enfoque. Ao enfocar fora, não está iluminado; ao enfocar dentro, está. Assim, tudo depende de uma mudança de direção.
A palavra cristã “conversão” é bela. Mas os cristãos a têm usado de um modo horrível. Conversão não significa fazer de um hindu um cristão ou tornar um cristão hindu. Conversão significa retorno. Conversão significa retornar à fonte, voltar para o interior. Só quando isto acontece, você está convertido. Sua consciência pode fluir em duas direções: para fora ou para dentro. Estes são os dois leitos pelos quais a torrente da sua consciência pode fluir. Para fora, pode fluir por muitas e muitas vidas, sem nunca encontrar a meta, pois a meta está na fonte. O objetivo não está na frente, está atrás. O objetivo não está em algum lugar ao qual você possa chegar. Está em algum ponto que você já deixou. A meta é a fonte. Isto tem de ser compreendido profundamente. Se você puder retornar ao primeiro ponto do seu ser, terá encontrado o alvo.
Iluminar-se significa retornar á fonte e a fonte está em seu interior: a vida está fluindo aí, fluindo, palpitando, continuamente batendo. Por que perguntar aos outros? Estudar significa perguntar aos outros. Perguntar sobre si mesmo aos outros?
isto é uma tolice por excelência. Isto é um absurdo total — perguntar sobre si mesmo aos outros. O significado do estudo é este: procurar pela resposta. Mas você é a resposta!
(…) Outro ponto a ser lembrado: seu ser é vida e nenhuma escritura pode estar viva. As escrituras estão fadadas a morrer. As escrituras são cadáveres. E você pergunta à morte sobre a vida. Não é possível! Krishna não será de muita ajuda, nem Jesus — a menos que você se torne Krishna ou Jesus. A vida não pode ser respondida pela morte. E se você pensar que encontrará a resposta, ficará cada vez mais limitado pelas respostas, e a resposta permanecerá desconhecida. Isso é o que acontece a um homem que estuda, que pensa, que filosofa. Fica cada vez mais limitado pelos seus próprios esforços — palavras, palavras, palavras — e se perde. Mas a resposta sempre esteve nele. Apenas um retorno é necessário.
Não, ninguém pode responder. Não vá a nenhuma pessoa, vá a si mesmo! Quando você encontra um Mestre, tudo o que ele pode fazer é auxiliá-lo a encontrar a si mesmo; só isso. Nenhum mestre pode lhe dar a resposta. Nenhum mestre pode lhe dar a chave. O mestre só pode auxiliá-lo a olhar para o seu interior. Apenas isto. A chave está aí, o tesouro está ai, tudo está aí.
OSHO