Essa é toda a minha filosofia: que você não faça esforço algum, que você relaxe, e a iluminação virá. Ela vem quando você vê que você está realmente relaxado, sem nenhuma tensão, nenhum esforço, e imediatamente ela se derrama sobre você como milhares de flores.
Mas todas as religiões tem ensinado exatamente o oposto: que a iluminação é muito árdua, precisa de esforços que duram a vida toda, talvez muitas vidas, e então também não há nenhuma certeza, nenhuma garantia. Você pode perder o caminho mesmo quando estiver a um passo de distância da iluminação. Você não sabe o caminho ou onde está a iluminação. Assim, há toda a possibilidade de perder o caminho, de se perder. Apenas por acaso algumas pessoas toparam com a iluminação, mas é só por acaso, porque milhões de pessoas têm tentado e não têm encontrado nada. Elas não estão conscientes de que sua própria busca as está tornando tensas demais, seus próprios esforços estão criando um estado no qual a iluminação não pode acontecer. A iluminação pode acontecer quando você está tão silencioso, tão relaxado, que você quase não é… apenas um puro silêncio e imediatamente vem a explosão, a explosão da sua alma luminosa.
As pessoas que fizeram isso muito arduamente simplesmente destruíram sua inteligência, seu corpo, e eu não acredito que elas tenham alcançado a iluminação. As poucas pessoas que atingiram a iluminação sempre a atingiram num estado relaxado. O relaxamento é o próprio solo no qual as rosas da iluminação crescem. Por isso, é muito bom que você queira estar relaxado, estar à vontade, sem nenhum esforço e com muitos cochilos. Essa é a receita. Você se iluminará. Você pode se iluminar hoje, porque a iluminação é o seu ser mais profundo. Só pelo fato de estar tão envolvido em esforço, em procura, em busca, fazendo isso, fazendo aquilo, você nunca chega ao seu próprio eu. No relaxamento você não está indo a lugar nenhum, não está fazendo coisa alguma, e a grama começa a crescer por si mesma.
Tudo o que é necessário é inteligência, consciência, estado de alerta — que não são esforços —, testemunhar, observar — que não são tensões, mas sim experiências muito prazerosas. Você não fica canado delas, você fica calmo e quieto. A inteligência não tem sido considerada como uma parte dos seus assim chamados santos. Eles a destruíram completamente pelos seus esforços estúpidos.
Digo a você: todos os esforços pela iluminação são estúpidos. Iluminação é a sua natureza, mas você simplesmente não sabe disso; caso contrário, já seria iluminado. No que me diz respeito, você todos são iluminados, porque posso ver a sua chama luminosa interior. Quando eu vejo você, não vejo a sua figura; vejo o seu ser, que é simplesmente uma bela chama.
(…) Simplesmente seja um pouco inteligente e a iluminação acontecerá por si mesma. Você nem ao menos tem de pensar nela… Simplesmente seja um pouco inteligente!
(…) O mundo não é inteligente; ele está funcionando de uma maneira pouco inteligente, criando todos os tipos de infelicidade. Em vez de ajudar uns aos outros a serem mais felizes, todos estão puxando a perna dos outros, puxando-os para a escuridão mais profunda, para uma lama mais profunda, para um problema mais profundo. Parece que neste mundo todos gostam apenas de uma coisa: criar infelicidade para os outros. É por isso que a tal nuvem de escuridão cerca a Terra; caso contrário, teria havido continuamente um festival de luzes, e não de luzes comuns, mas luzes de seu próprio ser.
(…) Em milhões de pessoas, apenas de vez em quando um homem se torna iluminado. Para impedi-lo de se tornar iluminado, inventaram uma estratégia muito esperta: desafiaram o seu ego e você ficou interessado em todos os tipos de rituais, em todos os tipos de austeridade e em autotortura. Você tornou a sua vida uma angústia muito profunda.
As pessoas tornaram sua vida uma tortura, e, masoquistas, não conseguem se iluminar. Elas vão ficando cada vez mais escuras. Essas pessoas vivem na escuridão e começam a rastejar como escravos muito facilmente, porque perderam toda a sua inteligência, toda a sua consciência em um estranho esforço.
Você já viu um cachorro no inverno simplesmente descansando sob o sol, bem de manhãzinha? Ele olha para o seu rabo e se torna imediatamente interessado por ele. Salta para pegar o rabo, mas então fica louco porque essa coisa parece ser muito estranha. Quando ele salta, o rabo também salta, e a distância entre o cachorro e o rabo permanecem a mesma. Ele corre ao redor. Observei, e quanto mais o rabo salta mais ele fica determinado, ele usa toda a sua força de vontade, tenta agarrá-lo de qualquer modo. Mas o pobre cachorro não sabe que não é possível agarrá-lo. Já é parte dele; assim, quando ele salta, o rabo salta.
A iluminação não é difícil, não é impossível. Você não tem de fazer nada para obtê-la; é apenas a sua natureza intrínseca, é sua própria subjetividade. Tudo o que você tem a fazer é, por um momento, relaxar totalmente, esquecer todo o fazer e o esforço, de forma que não esteja ocupado em lugar algum. Essa consciência desocupada, de repente, se torna consciente de que “Eu sou Isso!”
A iluminação é a coisa mais fácil do mundo. Mas os sacerdotes nunca quiseram que o mundo todo se tornasse iluminado, porque então as pessoas não seriam cristãs, não seriam católicas, não seriam hindus, não seriam muçulmanas. Elas têm de ser mantidas não-iluminadas, têm de ser mantidas cegas à sua própria natureza.... Uma vez que você entenda que a sua própria natureza é iluminação
(...) Considero você inteligente somente se puder entender a facilidade, a realização sem esforço da sua natureza. Se você não puder entender isso, você não é inteligente. Você é simplesmente um egoísta que está tentando, assim como outros egoístas estão tentando ser os mais ricos, alguns outros egoístas estão tentando ser mais poderosos, e outros egoístas estão tentando ser iluminados.
Mas a iluminação não é possível para o ego. Riqueza é possível, poder é possível, prestígio é possível; essas coisas são difíceis, muito difíceis. Você precisa de um desprendimento total, um estado silencioso de ser totalmente tranquilo, sem tensão... e, de repente, a explosão.
Vocês todos nascem iluminados, quer percebam isso ou não. A sociedade não quer que você perceba isso, as religiões não querem que você reconheça isso, os políticos não querem que você reconheça isso, porque isso vai contra todos os poderes dominantes. Por você ser não-iluminado, eles estão vivendo e sugando seu sangue.
(...) Se você se tornar iluminado, será simplesmente luz, uma alegria para si mesmo e para os outros, uma benção para si mesmo e para a existência toda, e você será a liberdade suprema. Ninguém pode explorá-lo, ninguém pode, de modo algum, escraviza-lo. Esse é o problema. Ninguém quer que você se torne um iluminado. A menos que você veja o ponto, continuará favorecendo os poderes dominantes, que são todos parasitas. A única função deles é sugar sangue de você.
Se você quer liberdade, a iluminação é a única liberdade. Se quer individualidade, a iluminação é a única individualidade. Se quer uma vida cheia de bênçãos, a iluminação é a única experiência. E é muito fácil, totalmente fácil; uma das coisas é que você não tem de fazer nada para obtê-la, porque ela já está aí. Você tem apenas de relaxar e vê-la.
(...) A sua verdade não tem de ser pensada, ela tem de ser vista. Ela já está aí; você não tem de pensar sobre ela; tem de parar de pensar, para que ela possa emergir em seu ser. É necessário um espaço desocupado dentro de você para que essa luz que está oculta possa se expandir e preencher o seu ser.
Ela não só preenche o seu ser; ela começa a irradiar do seu ser. Toda a sua vida se torna uma beleza, uma beleza que não é do corpo, mas que irradia de dentro, a beleza da sua consciência.
Osho