A consciência se torna consciente de si mesma somente quando começa a movimentar-se, e o pensamento, eu sou surge.
Por que surge a consciência?
Por nenhuma razão aparente exceto que é sua natureza – como a onda sobre uma extensão de água: ‘a causa sem causa’, diz Maharaj.
Simultâneamente, junto com o primeiro pensamento eu sou, surge instantâneamente na existência todo o universo manifesto.
Quando a consciência, a qual é impessoal em repouso, manifesta-se pela objetivação de si mesma como fenômeno, ela se identifica com cada objeto sensível e, assim, surge o conceito de um ‘eu’ pessoal e individual capaz de separação, o qual trata todos os outros fenômenos como seus objetos; e cada ser sensível torna-se o sujeito em relação a todos os outros objetos sensíveis, embora todos sejam, na realidade, objetos que aparecem na consciência.
É precisamente esta limitação da pura subjetividade e do potencial ilimitado do Absoluto em um simples objeto insignificante que chama a si mesmo de ‘eu’ e se tem como separado dos outros o que constitui a ‘escravidão’.
É este objeto fenomênico, uma mera aparição na consciência dos outros, que vem a Maharaj em busca de ‘liberação’, e é a este indivíduo que Maharaj fala, entre outras coisas, que só a consciência pode ajudá-lo, a qual é o único ‘capital’ que nasce com todo ser sensível, a única ligação que tem com o Absoluto.
A consciência induz o homem à escravidão ilusória e é apenas ela que pode ajudá-lo a atingir a liberação ilusória.
A consciência é a Maya, diz Maharaj, que produz a escravidão ilusória, e é também consciência, Ishvara (Deus), o qual atua como o Sadguru (o mestre, professor) e que, se propiciado adequadamente, desvenda o segredo do universo e proporciona a liberação ilusória nesta representação do sonho vivente na qual a consciência é o único ator desempenhando todos os múltiplos papéis.
Portanto, não há maior poder sobre a terra do que esta Consciência, este sentido de presença – eu sou, para o qual o indivíduo ilusório deve dirigir todas as suas orações; e, então, esta própria consciência proporcionará a liberação ilusória da escravidão ilusória do indivíduo também ilusório revelando-lhe sua verdadeira natureza – que não é outra senão o próprio buscador, mas não como um indivíduo!"
Ramesh Balsekar em Sinais do Absoluto