autoconhecimento
O que norteia este paradigma?
São tão complexos os nossos problemas, que só podemos nos abeirar deles de maneira MUITO SIMPLES E DIRETA. Não podemos resolvê-los com o auxílio de um livro, de uma filosofia, de um sistema, de um guru; você só os resolvera pela compreensão de si mesmo, pelo percebimento de si mesmo, nas suas relações, EXATAMENTE COMO É e não como “deveria ser”. O “deveria ser” denota ESCOLHA e está sempre MUITO DISTANTE DO QUE É. O que sou na realidade é o que importa, e não o que eu “deveria ser”. O “deveria ser” é de ordem TEÓRICA e IDEOLÓGICA E NÃO TEM VALOR ALGUM; NÃO É MAIS DO QUE UMA FUGA AO QUE EU SOU.
Nossa sociedade, nossas religiões e nossa estrutura moral estão baseadas no que “deveria ser”, que é fuga AO QUE SOU. O que importa é que eu descubra O QUE SOU REALMENTE, de momento a momento, no que NÃO HÁ ESCOLHA de espécie alguma. Quando a mente for incapaz de ESCOLHER o que “deveria ser”, DARÁ ATENÇÃO AO QUE É. O QUE É tem muita importância, não só no mundo da ação, mas também psicologicamente, interiormente. Só haverá ação direta se eu compreender “O QUE É” e não “O QUE EU DESEJO SER”.
Devemos observar realmente, nas nossas relações de cada dia, de cada momento, O NOSSO EXATO ESTADO, O QUE SOMOS DE FATO, NÃO PROCURANDO TRANSFORMÁ-LO NUMA COISA NOBRE. Não se pode transformar estupidez em inteligência; o que se pode fazer é tão-somente compreender a estupidez; e a compreensão da estupidez é inteligência. Veja bem a importância disso, e você criará um mundo novo. Enquanto você estiver lutando para SER DIFERENTE DO QUE É, haverá destruição, sofrimento, confusão. Só quando compreendo A COISA QUE SOU, momento por momento, só então a compreensão me conduz às profundezas inconscientes do meu ser; a compreensão por conseguinte é que nos dará a libertação do medo; e a libertação do medo é o estado de felicidade.
É tão fácil nos ocuparmos com a parte! Estamos interessados na parte — o que indica nossa superficialidade, a pequenez de nossas mentes. É só quando compreendemos o processo total de nosso ser, dia por dia, em todas as nossas relações, que há a possibilidade de se descobrir algo além dos limites da mente. Mas não podemos encontrar o que se acha além da mente, pelo encarecimento da parte. E se não descobrirmos o que existe além da mente, jamais teremos felicidade, nunca terá paz a humanidade; a vida nos será luta e sofrimento sem fim. Estes são os fatos evidentes; você não necessita estuda-los nos tratados de psicologia; não precisa fazer nenhum exame, não precisa conhecer nenhuma técnica, para você descobrir o que existe na sua mente e no seu coração, hora por hora, momento por momento, dia por dia, requer-se tão somente vigilância e não que se siga um GURU ou um líder. Não se requer disciplina, mas o mero observar de coisas simples — cólera, ciúme, desejo de preenchimento, desejo de adquirir, desejo de ser poderoso. Observe essas coisas, nas suas relações, na sua vida de cada dia, e verá como funciona a totalidade do seu ser, verá se você é o centro e se, sem alteração fundamental, radical, do centro, é possível efetuar-se uma revolução na periferia. Enquanto estivermos lustrando o exterior — o que não significa que o exterior não deva ser brilhante — esse modo de atender aos nossos problemas não os resolverá. Entretanto, se pudermos compreender o processo total do nosso ser, em seguida, se possível, passar além e, daí, nos aplicarmos aos nossos problemas, encontraremos então a solução correta. A solução não será então uma causa de novos problemas, mais sofrimentos, mais aflições.
(...) Só quando começamos a compreender esse processo total do nosso ser, o real estado em que nos achamos, só então, é que há a possibilidade de um ente humano "integrado"(...) Uma mente capaz de observar, sem escolha, capaz de ver as coisas como são, sem procurar interpretá-las, traduzi-las, torce-las, desfigurá-las, essa mente, com esse percebimento, conhecerá o que é a paz, essa mente é capaz então de estar verdadeiramente silenciosa. Só então, nesse silêncio, se manifesta aquilo que é. A mente, porém, que busca resultado, nunca encontrará a Verdade.
Krishnamurti — Autoconhecimento — Base da Sabedoria
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