O tempo não é mais do que um adiamento, não é a plenitude viva do presente.
Para mim , o presente é o conjunto do tempo. É agora que vocês projetam suas sombras; é agora que sofrem; é portanto agora, que vocês podem se libertar da tristeza. Por consequência, devem se tornam conscientes do presente, o que corresponde a se tornarem normais e não incidirem em indulgências no que diz respeito a certas esperanças no futuro, a sonhos fagueiros, filhos da imaginação. Isto, porém, exige grande determinação e o desejo de ser completo no presente.
Assim, o primeiro requisito, a primeira pedra alicerce dessa permanência é o de se tornarem cônscios daquilo que são no presente, o que é a realização da plenitude.
Para viver intensa e plenamente no presente, o que para mim é conhecer a eternidade, o infinito, a mente necessita de estar liberta do passado e do futuro.
O tempo existe, enquanto vocês não o compreendem. Eu estou falando da verdade na qual o tempo não existe e para compreenderem esta verdade, vocês tem de viver com imenso apercebimento no presente, libertos de todos os incentivos e crenças.
Somente a verdade libertará cada um da tristeza e da confusão da ignorância.
A verdade não é o resultado final da experiência, é a vida mesma. Não é um resultado, um intuito, mas o cessar do medo, do desejo.
É pelo viver plenamente no presente, que vocês chegam à realização da beatitude da verdade.
No concentrado percebimento de viver plenamente, sem motivo, vocês libertam a mente de todos os embaraços criados pelo desejo.
Se a mente puder compreender, completamente o significado do presente, a ação torna-se preenchimento, sem criar maior conflito e sofrimento, os quais são apenas o resultado da ação limitada, dos empecilho impostos ao pensamento do medo.
Krishnamurti — O medo — 1946 — ICK