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TRIBUTO A NELSON MANDELA
TRIBUTO À NELSON MANDELA
O GUERREIRO DA IGUALDADE
Em uma pequena aldeia do sudeste da África do Sul nascia Nelson Mandela. Anos depois viria a ser apontado, o maior expoente do planeta, na luta em favor da igualdade racial. Considerado o líder negro mais importante do mundo, lutou toda sua vida contra a segregação, a opressão e o apartheid na África do Sul. Numa demonstração de garra e perseverança, Mandela superou barreiras e conseguiu levar qualidade e justiça para seu povo, sendo agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1993.
Estudante Mandela
De etnia Xhosa, Nelson Rolihlahla Mandela nasceu em uma pequena aldeia na região sudeste da África do Sul, chamada de Transkei. Seu pai era chefe da aldeia e um membro da família real da tribo Thembu. Como um menino, Mandela cresceu na companhia dos anciãos e chefes tribais. Aos sete anos, Mandela tornou-se o primeiro membro da família a frequentar a escola, onde lhe foi dado o nome inglês "Nelson".
Quando tinha nove anos, seu pai morreu. Ele foi adotado pelo chefe supremo Jongintaba Dalindyebo. Sob a tutela de Jongintaba, Mandela participou da Wesleyan Mission School, onde foi treinado para liderança. Seguindo as tradições Xhosa, ele foi iniciado na sociedade aos 16 anos, ingressando no Instituto Clarkebury, onde estudou cultura ocidental.
Em 1934, Mandela mudou-se para Fort Beaufort, cidade com escolas que recebiam a maior parte da realeza Thembu, e ali se interessou pelo boxe e por corridas. Após se matricular, começou o curso para se tornar bacharel em direito na Universidade de Fort Hare, onde conheceu Oliver Tambo e iniciou uma longa amizade.
Ao final do primeiro ano, Mandela se envolveu com o movimento estudantil, num boicote contra as políticas universitárias, sendo expulso da universidade. Dali foi para Johanesburgo, onde terminou sua graduação na Universidade da África do Sul (UNISA) por correspondência. Continuou seus estudos de direito na Universidade de Witwatersrand.
Luta contra o Apartheid
Depois da eleição de 1948 dar a vitória aos afrikaners (Partido Nacional), que apoiavam a política de segregação racial, o jovem estudante do direito, Mandela, se envolveu na oposição ao regime do apartheid, que negava aos negros (maioria da população), mestiços e indianos (uma expressiva colônia de imigrantes) direitos políticos, sociais e econômicos. Uniu-se ao Congresso Nacional Africano em 1942 e dois anos depois fundou, com Walter Sisulu e Oliver Tambo, entre outros, a Liga Jovem do CNA. Mandela tornou-se mais ativo no CNA, tomando parte do Congresso do Povo (1955) que divulgou a Carta da Liberdade – documento contendo um programa fundamental para a causa antiapartheid.
Pacifista e comprometido apenas com atos não violentos, Mandela e seus colegas cederam ao apelo das armas, após o terrível massacre de Sharpeville, em março de 1960, quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros. O que deveria ser um protesto legítimo, transformou-se no dia que entrou para a história como um dos mais vergonhosos da história da humanidade.
O protesto pregava contra a Lei do Passe, que obrigava os negros da África do Sul a usarem uma caderneta onde estava escrito onde eles podiam ir.
Cerca de cinco mil manifestantes reuniram-se em Sharpeville, uma cidade negra nos arredores de Johannesburg, e marcharam calmamente, num protesto pacífico. A polícia sul-africana conteve o protesto com rajadas de metralhadora. Morreram 69 pessoas, e cerca de 186 ficaram feridas.
Após esse dia, a opinião pública mundial focou sua atenção pela primeira vez na questão do apartheid. No dia 21 de Novembro de 1969, a ONU implementou o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, que passou a ser comemorado todo dia 21 de Março, a partir do ano seguinte.
Em 1961, Mandela se tornou comandante do braço armado do CNA, o chamado Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação", ou MK), fundado por ele e outros militantes. Mandela coordenou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do governo e viajou para o Marrocos e Etiópia para treinamento paramilitar.
Em 1962, após várias viagens por diversos países africanos, retornou à África do Sul e foi preso e condenado a cinco anos de trabalhos forçados por incitação à greve e por sair do país sem documentos.
Em 1964 ele foi julgado com outros líderes do Umkhonto weSizwe sob a acusação de alta traição. Foi condenado a prisão perpétua na prisão de segurança máxima de Robben na África do Sul, por sabotagem (o que Mandela admitiu) e por conspirar para ajudar outros países a invadir a África do Sul (o que Mandela sempre alegou inocência).
Tal condenação foi levada a efeito apesar dos inúmeros pedidos de governos europeus e de outros países pela absolvição do líder sul-africano.
A Prisão
Durante os 27 anos que Mandela passou na prisão, seu exemplo de sofrimento silencioso foi apenas uma das muitas pressões sobre o governo da África do Sul do apartheid. O sofrimento que envolvia seu cárcere estava além da injustiça. Relatos de seu isolamento, torturas, e privações espalharam-se pelo mundo. Mandela se tornou então um símbolo mundial de resistência ao racismo.
Mesmo na prisão, conseguiu enviar cartas para organizar e incentivar a luta pelo fim da segregação racial no país. Com o passar dos anos, Mandela começou a ser visto como mártir na África do Sul e em todo o mundo, tornando-o um ícone dos protestos internacionais contra o apartheid. O clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou o lema das campanhas antiapartheid em vários países.
Em 1988 Mandela foi hospitalizado, e depois de sua recuperação, ele voltou para a prisão em condições menos duras. A esta altura a situação na África do Sul estava se tornando desesperadora. Protestos se espalharam, e as pressões internacionais para o fim do apartheid foram aumentando. Cada vez mais, a África do Sul ficava isolada como um Estado racista. Durante os anos 1970, ele recusou
uma revisão da pena e, em 1985, não aceitou a liberdade condicional em troca de não incentivar a luta armada.
Mandela continuou na prisão até fevereiro de 1990, quando a campanha do CNA e a pressão internacional conseguiram que ele fosse libertado em 11 de fevereiro, aos 72 anos, por ordem do presidente Frederik Willem de Klerk.
Reconhecimento
Mandela já era personalidade importante, tendo ganho o prêmio InternacionalAl-Gaadddafi de Direitos Humanos, em 1989. Em 1993, Nelson Mandela e o presidente Frederik de Klerk dividiram o Prêmio Nobel da Paz, pelos esforços em acabar com a segregação racial na África do Sul.
Ele recebeu muitas distinções no exterior, incluindo a Ordem de St. John, da rainha Elizabeth 2ª, a medalha presidencial da Liberdade, de George W. Bush, o Bharat Ratna (a distinção mais alta da Índia) e a Ordem do Canadá.
Em 1994, foi eleito Presidente da República, na primeira eleição multirracial da história sul-africana, e fica no poder até 1999. Mandela tornou-se o mais velho presidente eleito da África do Sul quando assumiu o cargo.
Foi responsável pelo fim do regime segregacionista no país e também pela reconciliação de grupos internos. Ele tinha 77 anos naquela época e decidiu não concorrer, pela segunda vez.
Nelson Mandela assumiu a aposentadoria da vida pública em Junho de 1999, voltando-se para as causas de diversas organizações sociais e de direitos humanos.
Mandela foi casado três vezes, e pai de seis filhos, e tem vinte netos e um número crescente de bisnetos. Seu neto é Chefe Mandla Mandela. No seu 80º aniversário, Mandela casou-se com Graça Machel, viúva de Samora Machel, antigo presidente moçambicano.
Nelson Mandela é considerado um dos maiores líderes políticos da história moderna, recebeu mais de cem prêmios nas últimas quatro décadas e diversas homenagens internacionais pelo reconhecimento de sua vida de luta pelos direitos sociais. Ele nunca respondeu racismo com racismo. Ele ganhou respeito internacional por tentar promover a igualdade racial em seu país e no mundo.
Invictuous
Escrito em 1875 por William Ernest Henley, o poema britânico “Invictuous” tornou-se o companheiro mais constante do histórico prisioneiro inocente: Nelson Mandela que, aprisionado em Robben Island cumprindo pena de trabalhos forçados por 27 anos, lia e relia o texto de Henley para manter a esperança e a sanidade:
“Dentro da noite que me rodeia
Negra como um poço de lado-a-lado
Eu agradeço aos deuses que existem
Por minha alma indomável
Nas garras cruéis da circunstância
Eu não tremo ou me desespero
Sob os duros golpes da sorte
Minha cabeça sangra,
Mas não se curva,
Além deste lugar de raiva e choro
Para somente o horror da sombra
E, ainda assim a ameaça do tempo
Vai me encontrar e me achar, destemido
Não importa se o portão é estreito,
Não importa o tamanho do castigo.
Eu sou o dono do meu destino.
Eu sou o capitão da minha alma”
Dia Internacional de Nelson Mandela- Desde 2010, é celebrado em 18 de julho de cada ano o Dia Internacional de Nelson Mandela. A data foi definida pela Assembléia Geral da ONU e corresponde ao dia de seu nascimento.
Algumas frases de Nelson Mandela
-“Em nossa diversidade racial, em nosso idioma, em nossa religião e diversidade étnica, entre o fraco e o poderoso, nós somos um só, com um só destino”.
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta”.
“Nascemos para manifestar a glória do Universo que está dentro de nós. Não está apenas em um de nós: está em TODOS nós. E conforme deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo. E conforme nos libertamos do nosso medo, nossa presença, automaticamente, libera os outros.”
"Este é um dos momentos mais importantes na vida de nosso país. Estou aqui, em frente a vocês, repleto de profundo orgulho e alegria, orgulho das pessoas comuns e humildes deste país. Vocês têm demonstrado tanta calma, paciência e determinação para reclamar este país para vocês e agora com alegria podemos gritar dos telhados: Finalmente livres! Finalmente livres!
Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes. Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta.Nos perguntamos: "Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível?" Na verdade, quem é você para não ser tudo isso?...Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você. E à medida que deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo".
(Discurso de posse, em 1994)
Livros (obras principais):
- Nelson Mandela - A Luta da Minha vida (1989) - autobiografia
- Conversas que tive comigo (2010)
- Vencer é Possível (1998)
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