autoconhecimento
Viemos a comprovar o poder da observação sem escolhas
Não é possível parar o pensamento — não que ele não pare, só não é possível fazê-lo parar. Ele pára espontaneamente. É preciso entender essa diferença; do contrário você vai ficar maluco tentando perseguir a sua mente.
A não-mente não surge quando você pára de pensar. Quando não existe mais o pensar, existe a não-mente. O próprio esforço para parar de pensar criará mais ansiedade, criará mais conflito, fará com que você fique dividido. Você viverá em constante tumulto interior. E isso não ajudará em nada.
E, mesmo que você consiga forçá-lo a parar por alguns instantes, isso não será nenhuma conquista — pois esses instantes ficarão quase mortos, não estarão vivos. Você pode até sentir certa tranquilidade... mas não silêncio. Pois a tranquilidade forçada não é silêncio. Lá no fundo, nas profundezas do inconsciente, a mente reprimida continua em atividade.
Portanto, não existe um meio de parar a mente. Mas a mente pára — isso é certo. Ela pára por livre e espontânea vontade.
Então, o que fazer? — a pergunta é relevante. Observe. Não tente pará-la. Não é preciso fazer nada contra a mente. Para começar, quem iria fazer isso? Seria a mente brigando com ela mesma; você dividiria sua mente em duas: uma parte estaria tentando ser a chefe, a manda-chuva, estaria tentando matar a outra parte de si — o que é um absurdo. É um jogo idiota, pode levá-lo à loucura. Não tente deter a mente ou o pensamento. — só observe, de vazão a ele. Deixe a mente em total liberdade. Deixe-a vagar no ritmo que quiser; não tente de forma nenhuma controlá-la. Seja só uma testemunha.
Ela é tão bela! A mente é um dos mecanismos mais belos que existem. A ciência ainda não foi capaz de criar nada como ela. A mente continua sendo uma obra-prima, tão complicada, com um poder tão grande, com tantas potencialidades! Observe-a! Aprecie-a!
E não a vigie como se ela fosse um inimigo, pois, se você olhar para a mente como um inimigo, não conseguirá observá-la. Você já será preconceituoso, já estará contra ela. Já terá decidido que existe algo de errado com a mente — já terá chegado a uma conclusão. E sempre que você olha para uma pessoa como se ela fosse sua inimiga, você não olha profundamente, nunca olha dentro dos olhos; você a evita.
Observar a mente significa olhar para ela com um amor profundo, com profundo respeito e reverência — ela é uma dádiva de Deus para você. Não existe nada de errado com a mente em si. Não há nada de errado com o ato de pensar. Trata-se de um lindo processo, assim como é todo processo.(...) Olhe a mente com profunda reverência. Não brigue com ela; ame-a.
Observe as sutis nuances da mente, os volteios repentinos, os belos volteios. Os saltos e trancos, que ela dá, os jogos que continua fazendo; os sonhos que ela navega — a imaginação, a memória, as mil projeções que ela cria — observe! Ficando ali, afastado, um pouco distante, sem se envolver, paulatinamente você começa a sentir... Quanto mais atento você fica, mais profunda fica sua consciência; começa a haver lacunas, intervalos. Um pensamento vai, não vem outro, e surge uma brecha. Uma nuvem passa, outra está a caminho e surge um intervalo.
Nesses intervalos, pela primeira vez você terá lampejos da não-mente. Você sentirá o gosto da não-mente (...) Nesses pequenos intervalos de repente o céu fica limpo e o sol brilha. De repente o mundo se enche de mistério, porque todas as barreiras vão abaixo; a tela nos seus olhos deixa de existir. Você vê com clareza, de modo penetrante. Toda existência fica transparente.
No início, haverá apenas uns raros momentos, espaçados. Mas eles lhe proporcionarão vislumbres do que seja o samadhi. Pequenas porções de silêncio elas virão depois irão embora, mas você saberá que está no caminho certo. Então você começa a observar novamente. Quando um pensamento cruza a sua mente, você observa; quando um intervalo, você o observa. As nuvens são bonitas; o brilho do sol também é tão belo. Agora você não faz escolhas. Agora você não tem uma mente fixa. Você não diz, "Gostaria que só houvesse intervalos". Isso é estupidez, pois, se se ficar apegado ao desejo de que só haja intervalos, você novamente terá decidido ficar contra o pensamento. E aí os intervalos desaparecerão. Eles só acontecem quando você está muito distante, afastado. Eles acontecem, não podem ser provocados. Eles acontecem, você não pode forçá-los a acontecer. São eventos espontâneos.
Continue a observar. Deixe que os pensamentos venham e vão embora — para onde quiserem ir. Nada está errado! Não tente manipular nem dirigir nada. Deixe que os pensamentos sigam seu curso livremente. E, então, começarão a surgir intervalos cada vez maiores. Você será abençoado com pequenos satoris. Haverá ocasiões em que, por alguns minutos, não haverá pensamentos; não haverá trânsito nenhum — só um silêncio total, imperturbável.
Quando começarem a surgir brechas maiores, começará a surgir uma nova lucidez. Você não terá somente lucidez para enxergar o mundo, você será capaz de enxergar seu mundo interior. Com os primeiros intervalos você enxergará o mundo — as árvores ficarão mais verdes do que parecem agora, você se verá cercado por uma música infinita, a música das esferas. Você subitamente estará na presença da santidade — inefável, misteriosa. Tocando você, embora você não consiga apreendê-la. Ao seu alcance e mesmo assim fora dele. Com os intervalos maiores, o mesmo acontecerá interiormente. Deus não estará apenas lá fora, de repente você ficará surpreso — ele está aqui dentro também. Ele não está apenas na coisa observada, ele está também no observador — dentro e fora. Pouco a pouco...
Mas tampouco se apegue a isso. O apego é o alimento que faz com que a mente continue funcionando. O testemunho imparcial é o meio de detê-la sem fazer nenhum esforço. E, quando você começar a apreciar esses momentos de bem-aventurança, sua capacidade de conservá-los por períodos mais longos virá à tona. Finalmente, um dia você acaba se tornando senhor de si. A partir desse dia, quando quiser pensar, pensará; se o pensamento for necessário, você o usará. Se não for, você o deixará em repouso. Não que a mente tenha deixado de existir — ela existe, mas você tem a opção de usá-la ou não. Agora a decisão é sua, assim como a de usar as pernas; se quiser correr, você as usa; se não quiser, simplesmente fica onde está. As pernas estarão ali, à sua disposição. Da mesma forma, a mente estará ali também.
O S H O
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