A leitura de uma notícia sobre a tese de doutorado “A medicalização dos conflitos: consumo de ansiolíticos e antidepressivos em grupos populares” de Reginaldo Teixeira Mendonça, farmacêutico e professor da Universidade Federal de Goiás, me reavivou esse tema que já tinha despertado minha atenção.
Nos últimos anos vem aumentando, ano a ano, o consumo de medicamentos ansiolíticos e antidepressivos. Por que?
Creio que dois fatores principais: 1) o imediatismo que se tornou uma característica do humano moderno e 2) mau ou irresponsável atendimento médico.
O imediatismo está associado ao baixo nível de tolerância à frustração.
Cada vez mais pessoas se tornam impacientes quando estão com alguma aflição psicológica e/ou emocional. E querem uma solução rápida - concretizada por meio de remédios.
Atualmente a palavra de ordem é: “para ontem”. Parece que a rapidez com que a indústria tecnológica lança novos produtos (produzir mais consumo) contagiou a todo mundo. Tudo o mais tem de ser rápido. Pra já!
Estou com dor de cabeça? Não vou esperar que meu corpo resolva o problema: tomo logo um analgésico.
Meu televisor estragou? Mandar consertar demora, compro outro e já aproveito para ter um com tela plana.
O trânsito está engarrafado? Vou “costurar” ou pegar o acostamento.
Muitos homens até reclamam da “mania” por preliminares que as mulheres têm. Que perda de tempo! rsrs
A natureza, em sua sabedoria inerente, tem ciclos, alguns bem demorados, para tudo. Se fosse apressadinha, a gravidez humana, por exemplo, levaria um mês ao invés de nove. As árvores frutíferas de grande porte podem levar até dez anos para produzir seus primeiros frutos.
Nesse mundo louco em que vivemos atualmente os conflitos nas relações interpessoais estão muito frequentes, bem como o sofrimento causado por inadequação, baixa auto-estima, pressões, as mais variadas, traumas, depressões, etc.
Todos esses problemas podem ser resolvidos por intermédio de psicoterapia, mas esse é um tratamento caro e mesmo aqueles que podem suportá-lo não o procuram porque é um tratamento demorado.
Solução? Ansiolíticos e antidepressivos. Não sou contra o seu consumo quando a pessoa se encontra em considerável sofrimento e não possua meios para fazer uma psicoterapia. Também já atendi pacientes a quem eu aconselhei procurar um psiquiatra para serem medicados concomitantemente à terapia.
Contudo, o que está acontecendo atualmente é que as pessoas estão procurando um alívio imediato através de medicação, não procurando usar seus próprios recursos: reflexão, auto-análise e até, quem sabe, conversas com algum amigo íntimo.
“As relações sociais são pautadas pelos medicamentos e essa tendência a medicalizar os conflitos pode ser considerada a produtora de um silêncio que impossibilita a pessoa de encarar qualquer mudança em relação à sua vida cotidiana”. (Reginaldo Teixeira Mendonça)
Remédios psicotrópicos não resolvem os problemas, eles só amenizam os sintomas e se você for uma pessoa consciente irá procurar um psiquiatra para receitá-los e não um médico clínico que não tem o conhecimento necessário para prescrever psicotrópicos corretamente.
Há muitos riscos envolvidos no consumo de tais medicamentos (não informados ao público em geral) sendo um bem comum a dependência. Afinal, eles também são drogas!
Imagem: crimesdecolarinhobranco.com.br
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