Uma das características bem típicas do ser humano é culpar ou responsabilizar os outros, o governo, a vida por suas mazelas ou seus infortúnios.
Mulheres culpam os maridos porque o casamento não deu certo, filhos culpam os pais, geralmente as mães, por suas insatisfações, seus traumas, enfim, suas neuroses. A sorte ou, melhor dizendo, a falta dela é o grande bode expiatório.
É muito mais fácil fazer isso porque assim cada um encosta a cabeça no travesseiro tranquilo e em paz: “bom, a culpa não foi minha”. Será?
Primeiro que não é uma questão de culpa e sim de responsabilidade. Culpa é uma das muitas crenças horrorosas e limitantes com a qual nos condicionaram. E sim, cada um é responsável por tudo que lhe acontece.
Eu sei que é difícil “engolir” isso, não nos passaram o conhecimento sobre a realidade em que vivemos, não nos informaram que somos nós que a criamos a cada momento de nossas vidas. Sim, a realidade é um constructo humano, não é uma manifestação da sorte ou do azar.
O governo anda fazendo barbaridades? Fomos nós que votamos no homem ou mulher que hoje está à frente do governo.
O nosso país tem a maior taxa tributária do planeta? Fomos nós que o permitimos ao não nos rebelarmos contra isso.
Sua filha ou filho não lhe obedece ou se “atira nas cordas” não realizando as tarefas domésticas que lhe cabem? Foi você que permitiu isso não tomando uma atitude firme quando deveria (lá na primeira vez). E assim por diante.
Praticamente a cada momento do dia estamos fazendo uma escolha e por ela devemos nos responsabilizar. Claro que nem todas as escolhas são conscientes, arrisco dizer que a maior parte não o são. Quando conscientizei isso, passei uma boa temporada em “pé de guerra” com a Divindade. Como é que Ele/Ela criava um mundo assim, onde a gente entrava em “frias” sem saber por quê? Levou-me um bom tempo até aceitar isso. Ainda hoje aceito, mas não fico feliz com o fato.
Bom, mas assim é que são as coisas, então o jeito, para nos sairmos melhor na vida, é aumentar o autoconhecimento e expandir nossa consciência, pois só assim adquirimos maior domínio sobre nossas vidas e sobre o que acontece conosco.
Não adianta chorar nem reclamar, as nossas escolhas “inconscientes” são determinadas por nossos múltiplos aspectos. Eles fazem parte de nós, portanto - o que nós somos. É difícil aceitar isso, mas creiam-me, à medida que vamos incorporando esse conhecimento, aceitando essa contingência, passamos a refletir mais antes de tomar decisões ou fazer escolhas, cosequentemente passamos a escolher com mais sabedoria e as relações com os demais melhoram sensivelmente, pois deixamos de “acusá-los” por nossas mazelas.
Já pensaram quantos mal-entendidos e conflitos interpessoais deixam de acontecer cada um se responsabilizando por suas próprias “mancadas”?
Ah, como é fácil botar a culpa no/s outro/s. E, ah, como é difícil encarar a própria parte sombra. Já falei sobre ela aqui.
A “mania” de jogar em cima dos outros a responsabilidade pelo que de ruim acontece a cada um é porque o ser humano não gosta de olhar o seu interior e aceitar o seu lado considerado negativo. É outro fato do qual não adianta fugir, todo mundo tem seu lado sombrio, não há exceção.
Não se consegue transformar ou mudar algo que não se possui, portanto aceitar as facetas pessoais consideradas negativas é o primeiro passo para criar a transformação.
A solução é, aos poucos, se livrar dessa crença absurda de que temos de ser perfeitos ou cem por cento “bonzinhos”. Perfeição, neste sentido, não existe, somos todos imperfeitos (na concepção humana) e estamos aqui no planetinha para aprender, nos desenvolvermos e evoluirmos.
Seria bem mais proveitoso se todos, ao invés de ficar jogando a culpa ou responsabilidade nos outros, dedicassem mais tempo ao próprio desenvolvimento, a conhecer-se melhor, a aparar suas arestas, a expandir sua consciência enfim.
Imagem: mashpedia.com.br
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