O homem que fala sobre o além, já está morto.
autoconhecimento

O homem que fala sobre o além, já está morto.


A vida enche o mundo.
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A vida não tem morte, nem o isolamento vácuo das sombras do tempo.
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A morte é nada mais que a consciência da própria solidão, vacuidade e isolamento de vocês, e somente quando estiverem completamente livres, é que não mais existirá morte; então, não há nem unidade nem separação.
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Livre é o homem que vive no eterno, pois a vida é, porque é.
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A vida é completa; não conhece separação; não brota da tristeza, da dor, do medo dos opostos.
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É pelo conservar o eterno, dentro do coração de vocês, que o presente se torna como perfume de uma rosa.
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A morte não é nem um começo nem um fim. A Verdade, a inteireza, é sempre existente, acha-se para além do tempo e, na sua realização, encontra-se a imortalidade.
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Na morte há tristeza, há dor, há solidão aflitiva, há o desejo de estar junto do ser que se perdeu, o desejo de ter simpatia e amor.

É esta uma das mais comuns experiências da vida. Todos a realizam. Em lugar de colher-se o significado dela, a plena lição que ela tem para lhes dar, vocês buscam por consolo.

Buscam os guias para o plano astral, desejam estar ali juntos dos seres amados. Vocês têm esperanças do seu renascimento.

Tudo isto não é mais do que o adiamento de seus esforços no sentido de libertar o eu-consciência.

A batalha para ajustar a solidão e o amor não se ganha, por nos lançarmos para o além, para outros reinos, e sim pelo constante apercebimento de si próprio.

Assim, pois, uma experiência pode lhes abrir o integral significado da plenitude.
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Penso que se teme a morte, porque existe o sentimento de não se ter vivido. Se vocês são um artista, podem ter medo de que a morte lhes leve antes de terem terminado o trabalho de vocês; vocês tem medo, porque nada realizaram. Ou, se são um home da vida comum, sem capacidades especiais, vocês têm medo, porque tão pouco não realizaram coisa alguma. Dizem: "Se eu for impedido de minha realização, o que é que acontece? Como não entendo esta confusão, esta labuta, esta incessante escolha e conflito, há ainda oportunidade para mim?" Vocês têm medo da morte, quando não se preencheram na ação, isto é, temem a morte, quando não experimentaram a vida total, completamente, com plenitude da mente e coração de vocês. Por conseguinte, a questão não é saber porque vocês temem a morte, mas, antes, conhecer o que os impede de experimentar a vida plenamente. Tudo deve morrer, tudo passa. Mas, se possuem a compreensão que os habilita a experimentarem a vida plenamente, então há vida eterna, imortalidade, sem começo nem fim, e não há temor da morte.

Ainda, a questão não é como libertar a mente do temor da morte, mas como experimentar a vida plenamente, como experimentar a vida de modo que haja preenchimento.

Para experimentar a vida plenamente, precisa-se estar livre de todos os valores defensivos. Mas a nossa mente e o nosso coração estão sufocados com tais valores, que tornam a nossa ação incompleta, e daí o medo da morte. Para acharem os verdadeiros valores, para estarem livres desse constante temor da morte e do problema do além, precisam conhecer a verdadeira função do indivíduo, tanto a particular como a coletiva. O que há além da morte? Há um além? Sabem por que uma pessoa faz usualmente tais perguntas, por que deseja saber o que há do outro lado? Ela pergunta, porque não sabe como viver no presente; está mais morta do que viva. Diz: "Deixe-me descobrir o que ocorre, após a morte", porque não tem a capacidade de entender o eterno presente. Para mim, o presente é a eternidade; a eternidade reside no presente, não no futuro. Mas, para a maioria das pessoas, a vida tem sido toda uma série de experiências sem preenchimento, sem compreensão, sem sabedoria. Consequentemente, para elas, o além é mais sedutor do que o presente, e daí as inumeráveis perguntas relacionadas com o que se acha no além. O homem que investiga o além, já está morto. Se vocês vivem no eterno presente, o além no existe; então a vida não é dividida em passado, presente e futuro. Então há plenitude, e nela o êxtase da vida.
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Vocês estão continuamente encarando o presente, através do lastro do passado e, por isso, não compreendem o presente. Há um processo contínuo de incompreensão, que cria memória; e, portanto, existe o acúmulo, a acentuação desta memória e, consequentemente, o desejo de saberem se voltarão a viver uma outra vida. Ao passo que, se tivessem a capacidade para experimentar tudo como se fosse novo, com a mente não contaminada, não sobrecarregada com o instinto de posse provindo do passado ou com o pensamento no futuro, então verificariam que não existe coisa que seja a morte; verificariam que não existe medo. Então, a vida se tornaria um contínuo êxtase, não uma luta terrível, horrorosa; isto exige, porém, grande vigilância, apercebimento de pensamento, de mente e coração no presente.
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Krishnamurti — O medo — 1946 — ICK 





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