autoconhecimento
Pode-se ter liberdade interna, deixando intacto os laços externos?
Através da inteligente vigilância, perde-se a distinção entre o pensamento e o amor. Vocês estão acostumados a tomar o pensamento e o amor como coisas separadas, havendo assim um caminho intelectual e um caminho emocional, uma ação intelectual e outra emocional.
Ao passo que, quando vocês perdem toda a distinção, o pensamento torna-se completo no percebimento emocional e toda emoção é sábia e rica em percebimento intelectual. É esta a verdadeira harmonia da mente e coração. É esta a verdadeira ternura, a plasticidade da gentileza e, aí, a brutalidade do pretenso egoísmo terá cessado.
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O cativeiro do medo existe, enquanto permanece a limitação de consciência que vocês chama o "eu". Quando se tornarem ricos em si mesmos, já não sentirão desejo. É nesta contínua batalha de desejo, nesta busca de vantagens provindas das circunstancias, que o temor e a obscuridade existem. Vocês pensam que estão livres disto.
Como podem sabê-lo? Não o podem. Eu podia estar lhes iludindo. Entretanto, não se incomodem com isso. Mas tenho algo que dizer: Pode-se viver sem esforço, de um modo que não é possível atingir pelo esforço; pode-se viver sem esta incessante luta pela consecução espiritual; pode-se viver harmoniosamente, completamente na ação — não em teoria, mas na vida diária, no contato diário com os seres humanos. Digo que há um modo de libertar a mente de todo o sofrimento, um modo de viver completa, integral, eternamente.
Mas, para isto, precisa-se de estar completamente aberto à vida; precisa-se de não deixar subsistir nenhum abrigo ou refúgio, em que a mente possa permanecer, para o qual o coração possa retirar-se em ocasiões de conflito.
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"Não se pode ter liberdade interna, deixando os laços externamente intactos?" Sim, mas nesse caminho reside a dissimulação, a própria decepção, a astúcia e a hipocrisia, a menos que vocês sejam supremamente inteligentes e estejam constantemente apercebidos. Vocês podem dizer: "Pratico todas estas cerimônias, pertenço a várias sociedades, porque não desejo quebrar minha ligação com elas. Sigo salvadores e mestres, o que sei ser absurdo, mas desejo estar em paz com a minha família, viver harmoniosamente com o meu vizinho e não trazer discórdia a um mundo já confuso". Mas temos vivido há tanto tempo nessas dissimulações, nossas mentes tornaram-se tão astutas, tão sutilmente hipócritas, que agora não podemos descobrir ou compreender a verdade, a menos que quebremos esses laços. Entorpecemos, de tal maneira, as nossas mentes e corações que, a não ser que partamos as cadeias que nos prendem, criando assim um conflito, não podemos descobrir se estamos verdadeiramente livres ou não. Todavia, um homem de verdadeiro entendimento — e existem muito poucos — descobrirá por si próprio. Então, não haverá laços que ele deseje conservar ou quebrar. A sociedade irá desprezá-lo, os seus amigos o deixarão, os seus parentes não vão querem saber dele; todos os elementos negativos se afastarão; ele não terá de se afastar deles.
Mas essa atitude significa sábia e rica percepção; significa preenchimento na ação, não adiamento. E o homem adiará, enquanto a mente e o coração estiverem aprisionados pelo medo.
Krishnamurti — O medo — 1946 — ICK
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