Em se tratando de seres humanos nada é simples e nada é definitivo. Não se pode colocar rótulos ou fazer generalizações apressadas. A Psicologia já avançou muito no estudo da psique humana, mas ainda não tem e talvez nunca tenha a última palavra. Grande parte dos teóricos desta ciência não consideram a relevância do aspecto espiritual sobre o comportamento humano. Aí já se constata uma significante lacuna no seu estudo. Primeiro vamos partir do princípio de que todo o comportamento humano é motivado e ... os motivos são frequentemente inconscientes. Mas o que motiva o comportamento e as atitudes humanas? Vários fatores e aqui vou citar alguns sem a pretensão de esgotar o assunto, até porque já foi constatado que conforme a humanidade evolui diferentes necessidades e motivações aparecem. Afinal, o que é motivação? Em palavras bem simples é o que explica os porquês das pessoas escolherem uma ação. Por que esta e não aquela? Por que insistem numa determinada ação que até, muitas vezes, lhes resulta danosa ou penosa? “O ser humano reage não só a objetos e pessoas do ambiente exterior como também ao seu próprio corpo, a seus pensamentos e sentimentos. Ao fazê-lo desenvolve cognições sobre o eu, como um objeto central e valioso. Surgem necessidades e objetivos importantes que se ligam à elevação e à defesa do eu.” (Krech, Crutchfield e Ballachey em O indivíduo na sociedade) O ser humano é impulsionado por duas forças principais: a) buscar o prazer, satisfação e b) evitar o desprazer, desconforto, etc. o que equivale a dizer que é impulsionado por necessidades, desejos, objetivos. Já é bem conhecida a Pirâmide de Maslow que classifica as necessidades humanas numa escala ascendente começando pelas mais básicas ou fisiológicas. A seguir, a necessidade de segurança, após a de afiliação ou participação, no quarto nível vem a necessidade de autoestima, prestígio e finalizando vem a necessidade de autorrealização. Analisando esta pirâmide percebemos que a partir do terceiro nível algumas variáveis determinam diferenças entre as pessoas quanto à existência ou não da necessidade. Por ex: uma pessoa que mal ganha o suficiente para se manter dificilmente irá se motivar para a autorrealização (que pressupõe já estarem satisfeitas as necessidades dos níveis anteriores). As necessidades variam conforme o país em que a pessoa vive, sua escolaridade, nível socioeconômico, capacidade cognitiva, questões emocionais, etc. Vejam que interessantes as conclusões a que Maslow chegou quanto aos indivíduos auto-realizados: - Percebem a realidade de modo preciso; - Aceitam-se a si próprios, aos outros e ao mundo; - São espontâneos e despretensiosos; - Centram-se mais nos problemas do que em si próprios; - Valorizam a solidão; - São autônomos; - Reagem com respeito aos mistérios da vida; - Têm experiências fortes; - Identificam-se com a Humanidade; - Têm relativamente poucos amigos, mas os levam a sério; - Partilham valores democráticos; - Têm um forte sentido ético; - Têm sentido de humor sem hostilidade; - São criativos; - Resistem à enculturação. Murray, psicólogo americano, também se dedicou ao estudo das necessidades humanas e estabeleceu a seguinte lista: - Submissão - Realização - Afiliação - Agressão - Autonomia - Contra-reação (vencer pelo esforço próprio) - Defesa - Deferência - Domínio - Exibição (causar boa impressão) - Autodefesa física - Autodefesa psíquica - Altruísmo - Ordem - Entretenimento - Rejeição (afastar-se de algo negativo) - Sensibilidade - Sexo - Apoio - Conhecimento - Aquisição - Retenção - Construção - Cuidar - Ser cuidado - Brincar Ultimamente, os teóricos, que estão sempre pesquisando, fizeram descobertas significativas sobre a motivação. Ex: “Em experimentos que uniram ressonância magnética, exames de neurorradiologia e mapeamento de ondas cerebrais, o professor de psicologia da Universidade de Michigan Kent Berridge fez o achado mais significativo dos últimos 50 anos sobre nossa motivação. Ele descobriu que nosso cérebro tem dois sistemas de recompensa — um que nos leva a querer e outro que nos leva a gostar. Costuma ser uma operação conjunta: sua mente sente vontade de alguma coisa e, depois, prazer por conquistá-la. Essa venda casada sempre ocultou o fato de termos dois sistemas diferentes — mas que podem ser flagrados quando não estão em sintonia. Quando se usam drogas ou em situações de ansiedade e estresse, o “querer” é turbinado e provoca a busca de uma recompensa mesmo que você não esteja tão a fim dela. Ou seja, você se motiva para conseguir algo que quer, mas não gosta. Essa descoberta explica, na pressão do vestibular, alguém gostar de arquitetura mas estar cheio de gás para fazer medicina. Explica por que aquele emprego pelo qual você lutou é decepcionante de uma maneira que você nem sabe explicar, depois que conseguiu a vaga. E por que nenhuma empresa faliu seguindo o consagrado esquema de recompensas e punições: afinal, o cérebro dos funcionários quer esse esquema, só não parou para pensar se gosta dele.” (http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI236569-17773,00-O+QUE+NOS+MOTIVA.html) Nos ambientes corporativos, cada vez mais está se valorizando o empowerment, a autonomia e a independência dos funcionários para mantê-los motivados e assim assegurar boa produtividade. Mas que fique bem claro: ninguém motiva ninguém. Não existe heteromotivação e sim automotivação. O que se pode fazer é criar condições que propiciam a automotivação. Finalizando, assistam ao vídeo a seguir porque o mesmo é bem esclarecedor e muito didático. Imagem: pt.wikipedia.org
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